A diplomacia paralela gera desconfiança na Europa e levanta questões sobre a soberania da Ucrânia, que poderá ser pressionada a ceder território.
Na última semana, enviados especiais de Donald Trump, incluindo Steve Witkoff e Jared Kushner, reuniram-se com Vladimir Putin no Kremlin.
Embora Trump tenha descrito o encontro como “muito bom”, o Kremlin esclareceu que, apesar de as conversas terem sido “úteis”, rejeitou algumas propostas e não se chegou a um acordo. A postura russa mantém-se inflexível, com Putin a reiterar a ameaça de “libertar” o Donbass pela força se as tropas ucranianas não se retirarem.
Esta ofensiva diplomática norte-americana, conduzida à revelia de Bruxelas, está a causar profunda apreensão entre os líderes europeus.
Numa conversa telefónica divulgada pela imprensa alemã, o presidente francês, Emmanuel Macron, terá alertado para a “possibilidade de os Estados Unidos traírem a Ucrânia na questão territorial”.
A percepção em várias capitais europeias é que o plano em discussão equivale a uma “rendição encomendada”, forçando Kiev a aceitar perdas territoriais para garantir um cessar-fogo.
Entretanto, no terreno, a Rússia continua a sua campanha de bombardeamentos contra infraestruturas energéticas e cidades ucranianas, aumentando a pressão militar enquanto decorrem as negociações.
Washington e Kiev afirmam publicamente que “qualquer progresso real” depende da vontade da Rússia em negociar seriamente, mas o sentimento de impotência cresce na Europa, que teme ser relegada a um papel de mero financiador da reconstrução, sem voz nas decisões que moldarão a segurança do continente.














