O governo russo anunciou a rescisão unilateral de três acordos de cooperação militar assinados com Portugal, Canadá e França, num gesto que assinala um aprofundamento do corte de relações com países membros da NATO. A decisão foi formalizada através de um decreto que justifica a medida com a falta de “relevância estratégica” destes pactos no contexto atual. Os acordos em causa incluem o tratado de cooperação militar com Portugal, assinado em 2000, um pacto de 1989 entre a antiga União Soviética e o Canadá, e um protocolo de 1994 com a França. Segundo o governo russo, a revogação destes pactos reflete o “crescente afastamento da Rússia em relação ao Ocidente em matéria de segurança e cooperação técnica”.
Esta medida segue-se a uma decisão semelhante em julho, quando Moscovo rescindiu um acordo técnico-militar com a Alemanha, acusando Berlim de seguir uma “política abertamente hostil” e uma “postura militarista cada vez mais agressiva”. A decisão de visar Portugal e a França surge também num momento em que ambos os países apoiam um plano da Comissão Europeia para canalizar receitas de ativos russos congelados para o financiamento da Ucrânia, uma medida que o embaixador russo na Alemanha classificou como “roubo” com “consequências de longo alcance”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo será responsável por notificar formalmente os três países, concluindo o procedimento diplomático para o encerramento definitivo dos acordos.
A medida, embora simbólica, representa mais um passo no desmantelamento das estruturas de cooperação e diálogo de segurança construídas após o fim da Guerra Fria, solidificando a divisão entre a Rússia e o Ocidente.
Em resumoA anulação dos acordos militares com três membros da NATO, incluindo Portugal, é uma clara demonstração da deterioração das relações entre a Rússia e o Ocidente. O ato, justificado por Moscovo como uma resposta a políticas hostis, elimina canais formais de cooperação em defesa e acentua o clima de desconfiança e confronto geopolítico.