O rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, prepara-se para lançar um controverso livro de memórias, intitulado 'Reconciliação', que promete expor as complexas dinâmicas do seu reinado e da sua vida pessoal. Os excertos já divulgados revelam a sua versão sobre temas fraturantes, incluindo a sua relação com o ditador Francisco Franco, o distanciamento da família e a negação de um romance com a Princesa Diana. Na obra, Juan Carlos descreve a sua relação com Franco, afirmando que o respeitava "enormemente" e que o ditador lhe deu "mãos livres" para iniciar reformas democráticas, pedindo-lhe apenas para manter a unidade de Espanha.
O livro aborda também o seu papel na tentativa de golpe de Estado de 1981, onde alega ter sido traído por Alfonso Armada, que teria agido em seu nome sem autorização.
No plano familiar, as revelações são particularmente tensas.
O rei emérito admite um "desacordo pessoal" com a nora, a Rainha Letizia, sugerindo que esta contribuiu para o seu afastamento do filho, o Rei Felipe VI, e das netas, Leonor e Sofía.
Em contraste, tece rasgados elogios à Rainha Sofia, descrevendo-a como "excecional" e "irrepreensível".
Juan Carlos nega ainda o persistente rumor de um caso com a Princesa Diana, que classifica como "fria, taciturna e distante", e admite ter cometido um "erro grave" ao aceitar um presente de 100 milhões de dólares do Rei da Arábia Saudita.
A publicação surge como uma tentativa do monarca exilado de reivindicar a sua narrativa histórica e justificar as suas ações.
Em resumoAs memórias de Juan Carlos I representam um esforço calculado para moldar o seu legado, confrontando diretamente as polémicas que o levaram ao exílio. No entanto, ao expor conflitos familiares e reinterpretar eventos históricos, a obra arrisca-se a aprofundar as divisões com a atual Casa Real e a reacender o debate sobre a sua controversa figura.