A gigante tecnológica tornou-se um barómetro para o mercado, com os seus números a influenciarem diretamente o sentimento dos investidores e o desempenho dos principais índices bolsistas. A análise dos seus resultados era vista como crucial para determinar se o recente 'rally' alimentado pela IA tinha bases sólidas ou se existiam sinais de sobrevalorização.

As preocupações sobre uma possível desaceleração nas vendas de processadores, componente essencial para a tecnologia de IA, adicionaram uma camada de tensão antes do anúncio. A reação inicial do mercado, com as ações a caírem nas negociações após o fecho, apesar dos lucros robustos, demonstrou a elevada sensibilidade dos investidores a qualquer sinal de abrandamento.

A Nvidia anunciou um lucro de 45,19 mil milhões de dólares no primeiro semestre fiscal, um aumento homólogo de 43,6%, e um lucro de 26,42 mil milhões de dólares no segundo trimestre, mais 59,2% que no ano anterior. Apesar destes números fortes, as vendas de semicondutores ficaram ligeiramente abaixo do antecipado, alimentando preocupações de que o crescimento vertiginoso da IA poderia estar a desacelerar mais rapidamente do que o previsto. Segundo o analista Ramiro Loureiro, do Millenium, “a gigante tecnológica mostrou contas globalmente acima do esperado”, mas “a primeira reação foi negativa, com o mercado a apontar que alguns analistas tinham projeções de vendas mais fortes que as trazidas pela empresa”. Este sentimento reflete um debate mais amplo sobre a valorização do setor, com vários relatórios recentes a questionarem a sustentabilidade do crescimento.

A queda de cerca de 3% das ações nas transações pós-fecho foi um sinal claro de que, para os investidores, mesmo resultados excelentes podem não ser suficientes para justificar as avaliações atuais.