A Mota-Engil viveu uma semana de extrema volatilidade na bolsa de Lisboa, com as suas ações a oscilarem drasticamente após o anúncio de um grande contrato no Brasil e sob a pressão renovada de fundos especulativos. O início da semana foi marcado por euforia, com as ações da construtora a dispararem mais de 9% na segunda-feira. O catalisador foi a notícia de que a empresa venceu o concurso para a construção e gestão do primeiro túnel imerso do Brasil, uma obra que ligará Santos e Guarujá, considerada a maior infraestrutura do governo de Lula da Silva, com um investimento próximo dos 1,1 mil milhões de euros. No entanto, o otimismo foi de curta duração.
Logo na sessão seguinte, os títulos tombaram 11,6%, uma queda atribuída pelos analistas à tomada de mais-valias.
A pressão vendedora continuou nos dias seguintes, com as ações a desvalorizarem 3% na quarta-feira e a liderarem as perdas do PSI na sexta-feira, com uma quebra de 2,32%.
A agravar a situação, foi revelado que o fundo especulativo britânico Marshall Wace reforçou a sua posição curta sobre a empresa, juntando-se a outros 'hedge funds' como a Muddy Waters que também apostam na queda das ações.
Esta volatilidade ocorre apesar de a empresa apresentar fundamentos sólidos, incluindo um resultado líquido recorde de 59 milhões de euros no primeiro semestre e uma carteira de encomendas de 14,7 mil milhões de euros. O episódio ilustra o conflito entre o desempenho operacional positivo da construtora e a sua vulnerabilidade a movimentos especulativos no mercado de capitais.
Em resumoA semana da Mota-Engil foi uma montanha-russa, com um ganho contratual significativo a provocar uma subida inicial, rapidamente revertida por uma forte pressão vendedora alimentada pela realização de lucros e por apostas negativas de fundos especulativos, apesar dos sólidos resultados financeiros da empresa.