Esta posição firme surge como um ponto central de discórdia nas negociações comerciais que visam evitar tarifas punitivas por parte dos Estados Unidos. Numa declaração após negociações em Estocolmo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que "a coerção e a pressão não terão qualquer efeito" e que o país defenderá "firmemente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento".
A recusa de Pequim em alinhar com as sanções norte-americanas contra Moscovo e Teerão representa um obstáculo significativo para a administração Trump, que procura restringir as fontes de receita destes dois países.
Analistas consideram que a China se vê numa posição de força negocial. Gabriel Wildau, da Teneo, sugeriu que o principal objetivo de Trump é conseguir um acordo mediático com o presidente Xi Jinping no outono, tornando improvável a aplicação de uma tarifa de 100% que destruiria o progresso alcançado. Pequim continua a ser um dos principais clientes de Moscovo, a seguir à Índia, e estima-se que entre 80% a 90% do petróleo exportado pelo Irão em 2024 teve como destino a China. Danny Russel, do Asia Society Policy Institute, explicou que Pequim "não pode abdicar do petróleo da Rússia e do Irão, que está a ser comprado a preços de saldo", o que garante solidariedade estratégica com Vladimir Putin e reduz custos para a economia chinesa.