A decisão já provoca impactos económicos significativos, nomeadamente no setor do calçado, e levou o governo brasileiro a acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A tarifa, que afeta 36% das importações provenientes do Brasil, é vista como uma forma de pressão de Washington a favor da amnistia para Jair Bolsonaro, um aliado de Donald Trump. O presidente Lula da Silva reagiu afirmando que não se irá “humilhar”, enquanto o seu governo iniciava um processo de consultas na OMC, alegando que as medidas norte-americanas “violam flagrantemente compromissos centrais” assumidos na organização. O impacto económico já se faz sentir: a Associação Brasileira da Indústria do Calçado (Abicalçados) estima que 80% dos seus exportadores serão afetados, com um risco de perda de até 20.000 postos de trabalho. Os Estados Unidos são o principal destino do calçado brasileiro, representando cerca de 20% das vendas. Apesar da gravidade da situação, o governo brasileiro optou por medidas de alívio para os setores afetados, como linhas de crédito, em vez de uma retaliação direta, numa tentativa de manter o diálogo aberto. É de notar que a Casa Branca concedeu isenções a quase 700 produtos, incluindo setores estratégicos como o da aviação, que beneficia a Embraer.