Brasília argumenta que a medida viola os compromissos internacionais assumidos por Washington, enquanto setores como o do calçado já reportam impactos severos. Num comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil declarou que, "ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC".
Consequentemente, o Brasil apresentou um "pedido de consultas" junto do Sistema de Solução de Controvérsias da organização, o primeiro passo formal para uma disputa comercial. O Presidente Lula da Silva afirmou que a soberania do país foi atacada, mas o governo optou por uma estratégia de diálogo e apoio interno em vez de retaliação direta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agendou conversações com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na esperança de que produtos como o café e as carnes possam ser incluídos numa lista de exceções.
No entanto, o impacto já se faz sentir.
A Associação Brasileira da Indústria do Calçado (Abicalçados) revelou que 80% dos seus exportadores serão afetados, prevendo-se a perda de até 20.000 empregos. Segundo o presidente da associação, Haroldo Ferreira, já se verificam "atrasos ou paralisação nas negociações, redução do faturamento e cancelamento de encomendas".
A medida protecionista dos EUA, justificada por Washington com questões políticas internas do Brasil, ameaça assim um importante parceiro comercial e abre um novo contencioso no seio da OMC.