O Brasil alega que a medida viola flagrantemente os compromissos assumidos pelos EUA na OMC, incluindo o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados.

A sanção, que afeta 36% das importações provenientes do Brasil, está a ter um impacto severo em setores chave.

A Associação Brasileira da Indústria do Calçado (Abicalçados) estima que a tarifa afetará 80% dos seus exportadores e poderá levar à perda de até 20.000 empregos, com uma queda prevista de 9% nas exportações nos próximos meses. O presidente da associação, Haroldo Ferreira, relatou "atrasos ou paralisação nas negociações, redução do faturamento e cancelamento de encomendas".

A tensão diplomática entre os dois países intensificou-se, com a administração Trump a justificar as tarifas como uma forma de pressionar o Brasil a conceder amnistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O presidente Lula da Silva, por sua vez, afirmou que não se irá "humilhar" e que a soberania do país é inegociável.

Apesar do conflito, o governo brasileiro mantém a porta aberta ao diálogo, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a agendar uma conversa com o secretário do Tesouro dos EUA.

Há ainda esperança de que produtos como o café e as carnes possam ser incluídos na lista de exceções, uma vez que, segundo a ministra do Planeamento, Simone Tebet, os EUA teriam dificuldade em encontrar fornecedores alternativos.