A decisão norte-americana poderá ter efeitos devastadores em economias locais altamente dependentes do setor.

Westport, na Irlanda, é o exemplo mais flagrante: a fábrica da AbbVie, que produz todo o Botox para o mercado global, exporta 70% da sua produção para os EUA e emprega uma parte substancial da população local.

A comunidade vive agora com o receio de que as tarifas tornem a operação insustentável. A ameaça é agravada pela possibilidade de as tarifas ascenderem a 250% no âmbito de uma investigação que avalia se os medicamentos estrangeiros representam um risco para a segurança nacional dos EUA. Analistas preveem que uma tarifa de 15% poderá aumentar os preços dos medicamentos nos EUA entre 7% e 10%. Em contrapartida, a farmacêutica norte-americana MSD (Merck Sharp & Dohme), com uma presença de 55 anos em Portugal, assegura que a sua "estratégia de investimento em Portugal segue inalterada", apesar da "guerra comercial que também impacta a indústria dos medicamentos".

Esta dualidade de reações evidencia a complexidade do cenário, onde empresas com sede nos EUA podem ter uma maior capacidade de absorver o impacto, enquanto as empresas europeias enfrentam um futuro mais incerto.