Estas preocupações estão a influenciar o debate sobre a política monetária, numa altura em que se ponderam futuros cortes nas taxas de juro. No seu discurso no simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell afirmou que os EUA "se aproximam do momento" em que poderá ser necessário baixar as taxas de juro para apoiar o emprego, mas advertiu que as novas tarifas podem voltar a pressionar a inflação. Powell descreveu a situação como "delicada", uma vez que as sobretaxas começam a repercutir-se nos preços ao consumidor.

Anteriormente, o presidente da Fed tinha referido que o impacto das tarifas seria provavelmente temporário, mas as suas declarações mais recentes indicam uma preocupação crescente.

Do outro lado do Atlântico, Christine Lagarde admitiu que o acordo comercial entre os EUA e a UE estabelece uma tarifa efetiva média estimada entre 12% e 16%, um valor "um pouco mais elevado" do que as premissas utilizadas nas projeções de junho do BCE.

Este reconhecimento sinaliza que o impacto inflacionário das tarifas está a ser ativamente monitorizado e poderá condicionar futuras decisões sobre as taxas de juro na zona euro.

A incerteza em torno do impacto final destas medidas comerciais na inflação global tornou-se, assim, um fator central nas deliberações dos principais bancos centrais do mundo.