Vários gigantes do setor têxtil português, como o grupo Polopiqué, estão a enfrentar dificuldades financeiras que levaram a processos de reestruturação e revitalização, citando a imposição de tarifas por parte dos EUA como um dos fatores que agravaram o contexto económico. A situação evidencia a vulnerabilidade de um dos setores mais importantes da indústria nacional às tensões comerciais globais. O grupo Polopiqué, um dos principais players do setor têxtil europeu, interpôs um Processo Especial de Revitalização (PER) para duas das suas sociedades e pediu a insolvência de outras duas unidades.
Entre as razões apontadas para as dificuldades, a empresa destaca o "contexto geopolítico com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o conflito entre Israel e o Hamas e a imposição de tarifas por parte dos EUA". Estas barreiras comerciais somam-se a outros desafios, como o aumento dos custos de contexto e as perturbações nas cadeias logísticas pós-pandemia.
O plano de reestruturação da Polopiqué prevê medidas drásticas, incluindo o encerramento da fiação de Vilarinho e o despedimento de 76 trabalhadores.
Outras grandes empresas do Vale do Ave, como a Têxteis J.F.
Almeida e a StampDyeing, também recorreram a processos judiciais para renegociar dívidas ou lidar com dificuldades de tesouraria, num sinal preocupante para uma região que emprega milhares de pessoas direta e indiretamente. A situação levou o Governo a reunir-se com 30 associações para discutir o impacto das tarifas, evidenciando a gravidade do problema para a economia nacional.
Em resumoAs tarifas impostas pelos EUA estão a agravar a crise na indústria têxtil portuguesa, um setor já pressionado por outros fatores económicos. Empresas de referência como a Polopiqué foram forçadas a processos de reestruturação, incluindo despedimentos e encerramento de unidades, demonstrando o impacto real das políticas comerciais na estabilidade de um pilar da indústria nacional.