A medida, impulsionada pela administração Trump, visa reconfigurar as relações comerciais transatlânticas, mas levanta sérias preocupações sobre a competitividade da indústria europeia.

O novo enquadramento comercial transatlântico, formalizado numa declaração conjunta, revela uma complexa negociação marcada por concessões mútuas, embora amplamente vistas como desequilibradas em favor dos EUA.

A União Europeia comprometeu-se a eliminar os direitos aduaneiros sobre todos os produtos industriais norte-americanos e a garantir acesso preferencial a uma vasta gama de produtos agrícolas e do mar. Em contrapartida, os EUA aplicarão um limite pautal máximo de 15% à maioria dos produtos da UE, com exceções notáveis como uma tarifa de 50% sobre o aço e o alumínio.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que o acordo contribui para "restaurar a estabilidade e a previsibilidade do comércio", mas a indústria europeia, especialmente na Alemanha, manifestou descontentamento.

O acordo inclui ainda compromissos significativos por parte da UE para a aquisição de gás natural liquefeito, equipamento militar e semicondutores dos EUA, avaliados em centenas de milhares de milhões de dólares até 2028. Esta cedência política e económica levanta o risco de um desvio de investimento industrial da UE para os EUA, uma vez que as empresas americanas passam a ter acesso ao mercado europeu sem tarifas, incentivando a deslocalização.

Analistas e associações empresariais alertam que, embora se tenha evitado uma escalada na guerra comercial, a competitividade europeia poderá sair penalizada a médio e longo prazo.