O setor metalúrgico e metalomecânico português sentiu um forte impacto das políticas tarifárias dos Estados Unidos, registando uma queda de cerca de 15% nas exportações diretas para aquele mercado no primeiro semestre de 2025. A indústria enfrenta não só a tarifa geral de 15%, mas também uma taxa penalizadora de 50% sobre muitos produtos de aço e alumínio, o que restringe o acesso e a competitividade. Segundo Rafael Campos Pereira, da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), embora a exposição direta do setor ao mercado norte-americano seja de apenas 3%, o “potencial impacto negativo” é amplificado pelas exportações indiretas.
Empresas portuguesas fornecem componentes a parceiros europeus, como a Alemanha e a França, que por sua vez exportam para os EUA e são agora afetados pelas barreiras comerciais. O vice-presidente da AIMMAP sublinhou que mais de 57% das exportações do setor para os EUA eram constituídas por produtos de “elevado valor acrescentado”, como produtos metálicos, máquinas e equipamentos, cuja competitividade está agora em risco. A associação considera crucial que as negociações entre a Comissão Europeia e a administração Trump resultem em soluções concretas para aliviar a pressão sobre um setor que é uma “força industrial” fundamental para a economia portuguesa, responsável por uma parte significativa da criação de riqueza e emprego.
A situação atual evidencia a vulnerabilidade das cadeias de valor globais e o efeito dominó das políticas protecionistas.
Em resumoAs tarifas norte-americanas provocaram uma quebra de 15% nas exportações diretas do setor metalúrgico português para os EUA no primeiro semestre. Além do impacto direto, o setor enfrenta riscos indiretos através da sua integração nas cadeias de valor europeias, o que realça a sua vulnerabilidade às tensões comerciais globais e a necessidade de soluções negociadas.