Para além da aceitação de novas tarifas sobre as suas exportações, a Europa comprometeu-se a realizar aquisições avultadas em setores estratégicos dos EUA, limitando a sua própria autonomia industrial.

O acordo prevê que a UE adquira gás natural liquefeito, petróleo e produtos de energia nuclear dos EUA no valor de 750 mil milhões de dólares até 2028, um objetivo que implicaria triplicar os fluxos atuais. Adicionalmente, a UE comprometeu-se a comprar pelo menos 40 mil milhões de dólares em chips de IA e a aumentar "substancialmente" a aquisição de equipamento militar e de defesa norte-americano. Estes compromissos, embora se refiram a intenções de empresas privadas, são vistos como uma clara cedência política e económica.

A UE também se comprometeu a incentivar um investimento direto de 600 mil milhões de dólares em setores estratégicos dos EUA até 2028. Este cenário cria um risco de desvio de investimento industrial da UE para os EUA, uma vez que as empresas podem ser incentivadas a deslocalizar a produção para o mercado americano, de onde poderiam exportar para a UE sem tarifas, ao contrário do que acontece no sentido inverso. A situação é agravada pelo facto de a UE eliminar os direitos aduaneiros sobre todos os produtos industriais dos EUA, enquanto as suas próprias exportações enfrentam a nova pauta de 15%.