O recente acordo tarifário entre os Estados Unidos e a Europa, que fixa uma taxa de 15% sobre produtos europeus, está a gerar um misto de incerteza e otimismo no setor do calçado português. Apesar das dúvidas sobre as consequências colaterais, o Governo português, através do secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, manifestou uma perspetiva positiva, afirmando que o acordo pode "abrir um cenário de aumento de competitividade" e trazer uma "vantagem competitiva para Portugal". O governante defendeu que esta não é altura de "desinvestir no mercado norte-americano, antes pelo contrário, tendo em conta que Portugal terá uma tarifa inferior à de outros mercados".
Esta visão é partilhada, com cautela, pela indústria.
Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS, reconhece que o momento é "difícil e de grande exigência", mas sublinha que o setor está "relativamente otimista" devido ao forte investimento realizado em áreas como a automação e soluções sustentáveis.
"Preparámo-nos para momentos de dificuldades.
[...] nós fizemos o trabalho de casa", assinalou. A indústria, que exportou 36 milhões de pares no valor de 843 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, continua a apostar na sua imagem internacional de design, qualidade e sustentabilidade para enfrentar os desafios, incluindo o abrandamento de mercados importantes como a Alemanha.
Em resumoA indústria portuguesa de calçado encara as novas tarifas dos EUA com uma postura proativa e cautelosamente otimista. O Governo vê uma oportunidade de reforçar a competitividade, enquanto o setor confia nos investimentos em inovação e sustentabilidade para navegar num mercado internacional cada vez mais exigente.