A imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos farmacêuticos da União Europeia está a gerar um clima de forte apreensão na Irlanda, particularmente na cidade de Westport, considerada a “capital do Botox”. A recente decisão do presidente Donald Trump de aplicar uma taxa de 15% sobre as exportações farmacêuticas europeias ameaça diretamente a fábrica da AbbVie, principal empregadora da cidade e responsável pela produção de Botox exportado para cerca de 70 países. O mercado norte-americano representa 70% do volume de negócios do Botox produzido em Westport, o que torna a fábrica extremamente vulnerável às novas barreiras comerciais.
A situação é agravada pelo facto de outro acordo comercial entre a UE e os EUA prever uma tarifa ainda mais elevada, de 50%, para o setor farmacêutico, classificado como crítico. A incerteza económica já se faz sentir na comunidade local, com Geraldine Horkan, CEO da Câmara de Comércio de Westport, a descrever a situação como se “as pessoas estivessem a suster a respiração”.
A dependência económica da cidade em relação à fábrica da AbbVie significa que qualquer alteração nas suas operações poderá ter um impacto devastador.
A situação é ainda mais complexa devido a uma investigação em curso pelo Departamento de Comércio dos EUA ao setor farmacêutico irlandês, ao abrigo da Secção 232, que permite restrições a importações consideradas uma ameaça à segurança nacional. Esta medida reflete a preocupação de Trump com a dependência dos EUA da produção farmacêutica estrangeira, que já afirmou que “as empresas farmacêuticas estão na Irlanda e em muitos outros lugares”.
Em resumoA nova política tarifária dos EUA, que impõe taxas de 15% a 50% sobre produtos farmacêuticos da UE, representa uma ameaça direta à estabilidade económica de Westport, na Irlanda, e à sua fábrica de Botox. A medida, aliada a uma investigação sobre a dependência dos EUA da produção irlandesa, evidencia como o protecionismo está a criar incerteza e a colocar em risco empregos e investimentos num setor estratégico para a economia europeia.