Empresas como a AbbVie, na Irlanda, e a Lamborghini, em Itália, enfrentam incertezas que ameaçam a produção e as vendas, demonstrando o vasto alcance das políticas protecionistas.

A cidade de Westport, na Irlanda, conhecida como a “capital do Botox”, sente diretamente o impacto desta medida.

A fábrica da AbbVie, que emprega cerca de 1.800 pessoas e exporta 70% da sua produção para os EUA, está no centro de uma incerteza económica que preocupa toda a comunidade. A situação é agravada por uma investigação em curso do Departamento de Comércio dos EUA ao setor farmacêutico irlandês, que Donald Trump acusa de retirar produção aos Estados Unidos. No setor automóvel de luxo, o CEO da Lamborghini, Stephan Winkelmann, alertou para o facto de até os seus clientes mais ricos serem sensíveis ao aumento de preços decorrente das tarifas. “Eles são milionários ou bilionários por um motivo: sabem o que fazem e por que fazem”, afirmou à CNBC, sublinhando que um aumento de 15% num carro de 400 mil dólares é significativo.

Winkelmann defende o livre comércio como “o caminho certo”, mas reconhece a necessidade de a empresa se adaptar à “complexidade” da realidade atual.

Estas tarifas, que incidem sobre produtos de elevado valor e com cadeias de produção complexas, revelam a vulnerabilidade de indústrias europeias estratégicas face às decisões comerciais de Washington.