A medida, que condiciona qualquer negociação ao desfecho do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, está a ter um impacto severo em setores chave da economia brasileira. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Mdic) do Brasil revelam que as vendas para o mercado norte-americano diminuíram em 600 milhões de dólares num único mês, comparando com o período homólogo.
A queda foi particularmente acentuada em produtos como minério de ferro, cujas exportações para os EUA foram nulas, aeronaves (-84,9%), produtos de ferro e aço (-23,4%) e açúcar (-88,4%).
Herlon Brandão, diretor de estatísticas do Mdic, afirmou que “é muito provável que isso esteja relacionado com as tarifas, que geram maior nível de preço e redução da demanda”.
A medida punitiva afeta não só o Brasil, mas também serve de exemplo no contexto de acordos comerciais mais vastos. No âmbito das negociações das tarifas EUA-UE, a taxa de 50% aplicada ao Brasil é usada como termo de comparação, destacando a vantagem competitiva que o calçado português, por exemplo, ganha ao ser taxado em apenas 15%. A situação evidencia a vulnerabilidade das economias emergentes a decisões unilaterais de grandes potências e o uso de tarifas como instrumento de pressão política, com consequências económicas diretas e imediatas.














