As crescentes tensões comerciais entre a China, a Europa e os Estados Unidos estão a criar uma oportunidade estratégica para Portugal se afirmar como um polo de atração para o investimento industrial chinês. A imposição de tarifas sobre produtos chineses, nomeadamente veículos elétricos, incentiva as empresas a deslocalizarem a produção para dentro do mercado único europeu, e Portugal surge como uma alternativa viável. Bernardo Mendia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, defendeu que Portugal deve "dar a mão e aproveitar" esta janela de oportunidade, especialmente em setores onde a China é competitiva e que se alinham com as prioridades europeias, como "energias renováveis, veículos elétricos, baterias, armazenamento de energia, tecnologias associadas ao 5G e a inteligência artificial". O investimento de dois mil milhões de euros da CALB, uma das maiores fabricantes chinesas de baterias, para a construção de uma fábrica em Sines, é apontado como o tipo de projeto que "deve ser multiplicado".
A estratégia consiste em apresentar Portugal como uma "alternativa estável e aberta", que não só permite às empresas chinesas contornar barreiras tarifárias, mas também "gerar boa vontade e relações duradouras".
A visita do primeiro-ministro, Luís Montenegro, à China é vista como um passo importante para reforçar estas relações e recordar as vantagens de Portugal para acolher este tipo de investimento, que gera emprego qualificado, receitas fiscais e futuras exportações.
Em resumoPortugal tem a oportunidade de capitalizar sobre as atuais tensões comerciais, posicionando-se como uma porta de entrada para o investimento industrial chinês na Europa, especialmente em setores de alta tecnologia e transição energética, contornando assim as barreiras tarifárias.