A imposição de tarifas pela União Europeia sobre veículos elétricos (VE) chineses está a catalisar uma mudança estratégica na indústria automóvel, incentivando fabricantes como a BYD e a GAC Aion a estabelecerem produção local no continente para contornar as taxas e reforçar a sua competitividade. Desde outubro de 2024, os VE fabricados na China enfrentam taxas adicionais na UE que podem atingir os 35,3%, somadas à tarifa base de 10%. No caso da BYD, a tarifa específica é de 17%. Esta medida, justificada por Bruxelas como uma forma de combater a concorrência desleal decorrente de subvenções estatais chinesas, criou um forte incentivo para a deslocalização da produção. Em resposta, a BYD anunciou a construção de fábricas na Hungria, com início de produção previsto para o final de 2025, e na Turquia.
O primeiro modelo a ser produzido em solo europeu será o Dolphin Surf.
Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, afirmou que o objetivo é que, num prazo de "dois a três anos", toda a produção destinada ao mercado europeu seja local, visando uma total concentração até 2028.
De forma semelhante, a marca chinesa GAC Aion planeia produzir os seus modelos Aion V e Aion UT na Áustria para evitar as tarifas.
Esta estratégia de relocalização industrial é vista como crucial, especialmente num contexto em que a BYD prevê um "banho de sangue" no mercado chinês, com o encerramento de dezenas de construtores devido ao fim da guerra de preços imposta por Pequim.
A expansão europeia torna-se, assim, vital para a sobrevivência e crescimento das marcas chinesas.
Em resumoA política tarifária da UE está a redesenhar as cadeias de abastecimento automóveis, forçando os gigantes chineses de VE a investir diretamente em centros de produção europeus. Esta movimentação visa mitigar barreiras comerciais e competir mais diretamente com as marcas estabelecidas, acelerando uma nova fase de concorrência industrial no continente.