Durante a feira de calçado MICAM, em Milão, a "nuvem tarifária que vem dos Estados Unidos" foi um tema central.

Empresários portugueses mostraram-se atentos, com algumas empresas, como a Last Studio, a optarem por absorver parte do custo para mitigar o impacto no cliente final.

No entanto, a perspetiva dominante é de oportunidade.

Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS, salientou que o cenário é "consideravelmente melhor" para Portugal, dado que os principais concorrentes enfrentam tarifas superiores: Brasil e Índia com 50%, China com 30% e México com 25%.

"Na cena competitiva internacional nós até ficámos relativamente bem posicionados", afirmou.

Esta visão é partilhada pelo Governo.

O secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, defendeu que o acordo aduaneiro pode "abrir um cenário de aumento de competitividade" e que esta não é altura para desinvestir no mercado norte-americano, mas sim o contrário. A APICCAPS reforça esta ambição, estabelecendo como meta colocar os EUA no "top três" dos principais destinos de exportação do calçado português até ao final da década, um mercado para o qual as vendas já duplicaram nos últimos dez anos.