A decisão da administração Trump de impor tarifas de 15% sobre todas as exportações farmacêuticas da União Europeia está a gerar um estado de alerta na indústria, com o caso da fábrica da AbbVie em Westport, na Irlanda, a emergir como um exemplo paradigmático do impacto económico e social destas medidas. A pequena cidade irlandesa, com apenas 7.000 habitantes, é conhecida como a "capital do Botox", albergando uma fábrica que emprega cerca de 1.800 pessoas e é responsável pela produção de Botox exportado para 70 países. O mercado dos Estados Unidos é crucial, representando 70% do volume de negócios da unidade.
A nova tarifa ameaça diretamente a viabilidade desta operação e, por conseguinte, a estabilidade económica da comunidade local.
Geraldine Horkan, CEO da Câmara de Comércio de Westport, descreveu a situação com apreensão, afirmando que "as pessoas estão a conter a respiração". O Departamento de Comércio dos EUA está a investigar o setor farmacêutico irlandês ao abrigo da Secção 232, que permite restrições a importações consideradas uma ameaça à segurança nacional, refletindo a preocupação de Trump com a dependência externa de medicamentos. Analistas alertam que a tarifa de 15% poderá aumentar os preços dos medicamentos nos EUA entre 7% e 10%, com os custos a serem repercutidos nos consumidores, especialmente em produtos não cobertos por seguros, como o Botox cosmético.
A AbbVie, por sua vez, afirmou estar em "discussões construtivas" com a administração norte-americana, mas a incerteza permanece.
Em resumoAs tarifas dos EUA sobre o setor farmacêutico europeu representam uma ameaça direta a centros de produção vitais como a fábrica de Botox em Westport. O caso ilustra como as políticas comerciais protecionistas podem ter consequências profundas, não só para as empresas multinacionais, mas também para as economias locais que dependem da exportação, gerando incerteza e pondo em risco milhares de empregos.