A fábrica local da AbbVie, responsável pela produção global do produto, exporta 70% da sua produção para o mercado norte-americano, tornando-se altamente vulnerável a esta medida protecionista.

A situação em Westport ilustra a fragilidade das economias locais que dependem de indústrias altamente especializadas e globalizadas. A fábrica emprega cerca de 1.800 pessoas numa cidade de 7.000 habitantes, e a ameaça tarifária coloca em risco não apenas os postos de trabalho, mas todo o ecossistema económico da região. Geraldine Horkan, CEO da Câmara de Comércio local, descreve o sentimento de apreensão: “as pessoas estão a conter a respiração.

É como um avião em espera.” A pressão da administração Trump para que as empresas farmacêuticas deslocalizem a produção para os EUA agrava o cenário.

A Merck, por exemplo, já anunciou o abandono de um investimento de mil milhões de euros em Londres e o encerramento de laboratórios, justificando que “o Reino Unido não é competitivo a nível internacional”.

Embora a AbbVie mantenha “discussões construtivas” com Washington, a possibilidade de as tarifas aumentarem o preço do Botox nos EUA entre 7% e 10% representa um risco significativo para a procura e, consequentemente, para a sustentabilidade da operação irlandesa.