A incerteza gerada pelas tarifas é agora uma variável crucial na avaliação da estabilidade económica e da trajetória da inflação na região.

Na mais recente conferência de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, embora evitando comentários diretos sobre países específicos, deixou vários alertas sobre a necessidade de estabilidade financeira. Analistas de mercado, como Michał Jóźwiak da Ebury, interpretam a postura do banco como um sinal de que novos cortes nas taxas de juro são improváveis, "a não ser que se comprove que as tarifas dos EUA 'estão a ter um impacto muito significativo na economia da zona euro'". Esta visão é partilhada por outros especialistas, como Carsten Brzeski do ING, que considera que o acordo comercial com os EUA e o risco de tarifas mais elevadas podem forçar o BCE a atuar "nos próximos meses". Os mercados financeiros refletem esta cautela, com os investidores a procurarem ativamente por "sinais de impacto das tarifas impostas por Donald Trump", como aponta a research do Millennium.

A situação demonstra a interconexão entre a política comercial global e a política monetária, forçando os bancos centrais a prepararem-se para cenários de abrandamento económico induzidos por barreiras comerciais e a ajustar as suas ferramentas para manter a estabilidade.