As tarifas impostas pelos Estados Unidos são apontadas pela indústria como um dos principais desafios, agravando a instabilidade sentida na produção automóvel europeia.\n\nOs dados divulgados pela AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel revelam um cenário preocupante para um dos setores mais estratégicos da economia portuguesa.

Em julho de 2025, as exportações de componentes automóveis recuaram 3,9% em termos homólogos, ficando abaixo dos mil milhões de euros. No acumulado de janeiro a julho, a quebra foi de 2,5%, totalizando 7.225 milhões de euros. Embora o setor tenha demonstrado maior resiliência do que o conjunto das exportações nacionais de bens, que caíram 11,3% no mesmo período, a tendência negativa é clara. O presidente da AFIA, José Couto, identifica um conjunto de desafios globais que pressionam a indústria, destacando "os custos energéticos elevados, a pressão da transição para a mobilidade elétrica, a instabilidade nas cadeias de abastecimento e o impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos". A sua declaração evidencia que as políticas protecionistas norte-americanas são um fator direto de perturbação para os fabricantes portugueses, que dependem fortemente dos mercados internacionais, com a Europa a absorver 88,3% das exportações.

A instabilidade na produção automóvel europeia, ela própria afetada pelas tensões comerciais, reflete-se diretamente na procura por componentes fabricados em Portugal, criando um efeito dominó que ameaça a competitividade do setor.