A indústria têxtil e de vestuário portuguesa atravessa um período de dificuldades, marcado pela quebra na procura e pelo impacto negativo das tarifas norte-americanas. As associações do setor alertam para o risco de encerramento de empresas viáveis e reclamam medidas de apoio urgentes por parte do Governo.\n\nA Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) manifestou uma forte apreensão com a situação atual do setor, que enfrenta um "acumular de circunstâncias" adversas. Entre estas, a diretora-geral da ATP, Ana Dinis, destacou a inflação, a subida dos juros e o impacto das plataformas de ‘ultra fast fashion’, mas sublinhou que "esta questão dos EUA [as tarifas impostas pela administração de Donald Trump] também não veio ajudar em nada". A ATP refere que o acordo alcançado com os EUA para a aplicação de tarifas de 15% às exportações europeias terá um impacto negativo, uma vez que alguns produtos têxteis eram anteriormente taxados abaixo desse limiar.
A incerteza em torno da política tarifária já levou muitos operadores a atrasar ou a reduzir o volume das encomendas.
Perante este cenário, a ATP defende a necessidade de "medidas para ajudar as empresas que sejam viáveis e boas empresas a conseguirem passar esta fase", propondo o regresso do ‘lay-off’ simplificado e de programas de formação em contexto de trabalho. Ana Dinis alerta que, sem estes apoios, encerrarão cada vez mais "empresas viáveis" que realizaram fortes investimentos em modernização e que agora enfrentam dificuldades de tesouraria para cumprir as suas responsabilidades financeiras.
Em resumoPressionada pela quebra na procura internacional e pelo impacto direto das tarifas norte-americanas, a indústria têxtil portuguesa enfrenta uma crise que ameaça a sua sustentabilidade. As associações do setor pedem uma intervenção governamental urgente, através de apoios à tesouraria e à manutenção do emprego, para evitar o encerramento de empresas estratégicas para a economia nacional.