A decisão surge num momento em que a China intensifica os seus planos para fortalecer e expandir o seu setor automóvel a nível global.

Após uma investigação sobre possíveis subsídios estatais indevidos, a Comissão Europeia decidiu aplicar "tarifas de 35,3% (sobre os 10% já existentes) a todos os elétricos importados da China".

Esta medida representa uma barreira comercial robusta, destinada a nivelar as condições de concorrência para os fabricantes europeus, que enfrentam uma crescente pressão dos modelos chineses, frequentemente mais acessíveis.

A decisão insere-se num contexto mais vasto de tensões comerciais, onde a China delineou um plano de dois anos para fortalecer a sua indústria automóvel, com metas ambiciosas para a venda de veículos de novas energias (NEV) e um foco na "inovação tecnológica" e "cooperação internacional".

No entanto, líderes da indústria europeia, como o CEO da Valeo, Christophe Perillat, alertam que as tarifas, por si só, podem não ser suficientes. Perillat adverte para o risco de os fabricantes chineses contornarem as medidas através da utilização de "kits pré-montados importados, o que reduz significativamente a criação de valor no continente". Para o executivo, a sobrevivência da indústria europeia depende da implementação de regras claras sobre a obrigatoriedade de uma determinada quantidade de componentes europeus nos carros produzidos na Europa, para evitar uma "erosão da base industrial" que poderá ser irreversível.