Segundo José Couto, presidente da AFIA, o setor enfrenta múltiplos desafios, incluindo o “impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos”.

Esta pressão externa é agravada pela concorrência chinesa, que beneficia de uma vantagem de custo de cerca de 35%. Christophe Perillat, diretor-executivo da Valeo, um dos maiores fornecedores europeus, alertou de forma contundente que a indústria “pode desaparecer” se não forem tomadas medidas protetoras. “Quando uma indústria desaparece, desaparece mesmo e não há volta atrás”, afirmou, defendendo a necessidade de regras claras sobre a incorporação de componentes europeus nos carros produzidos na Europa. A transição para veículos elétricos agrava o problema, uma vez que a percentagem de peças europeias num carro elétrico (35% a 45%) é significativamente inferior à de um carro a combustão (cerca de 90%), em grande parte devido à importação de baterias. Perante este cenário, os fornecedores europeus consideram a implementação de regras de conteúdo local uma forma de “proteção inteligente” para garantir que a criação de valor permanece na Europa.