Esta instabilidade é vista como um risco significativo para o planeamento empresarial, com companhias de diversos setores a sentirem os efeitos diretos da guerra comercial, especialmente entre os EUA e a China. A indústria automóvel é um dos setores mais afetados, com a Hyundai Motor a anunciar um plano estratégico para produzir mais de 80% dos veículos que vende nos EUA localmente até 2030, como forma de contornar as tarifas. Esta decisão de relocalização da produção reflete uma tendência mais ampla de regionalização das cadeias de abastecimento para mitigar riscos geopolíticos. O impacto estende-se a toda a cadeia de valor, com a indústria portuguesa de componentes automóveis a registar uma quebra de 3,9% nas exportações em julho, citando as “taxas impostas pelos Estados Unidos” como um dos principais desafios à sua competitividade. O setor da logística também enfrenta perturbações severas, como evidencia o alerta da FedEx, que antecipa um impacto de mil milhões de dólares devido ao “caos tarifário” que afeta as remessas entre a China e os EUA.

No entanto, existe um contraponto a esta visão generalizada de crise.

O investidor Ken Fisher argumenta que o impacto real das tarifas é frequentemente sobrestimado e que estas tendem a prejudicar mais o país que as impõe.

Segundo a sua análise, os mercados acabam por descontar a instabilidade, e a capacidade das empresas de se adaptarem através de mecanismos legais e logísticos limita os danos macroeconómicos. Apesar desta perspetiva, a perceção de risco permanece elevada, com estudos como o Observatório Fiscal da Deloitte a confirmar que as empresas estão profundamente preocupadas com os efeitos das tarifas.