Este cenário, que penaliza principalmente a China, pode criar oportunidades inesperadas para as empresas europeias.

De acordo com Eduardo Ferreira de Lemos, partner da EY, “as tarifas são um processo de protecionismo” antigo, e a sua utilização atual reflete uma resposta ao facto de os EUA se terem tornado um “mero mercado de consumo” face à massiva industrialização da China. A análise sugere que “o protecionismo é estrutural e isso vai ter repercussões económicas” duradouras, uma vez que a política de tarifas dificilmente será revertida por outras administrações devido à dívida trilionária dos EUA.

Neste novo xadrez comercial, a Europa encontra-se numa posição vantajosa. Como “o principal bloco impactado pelas tarifas é a China”, a Europa beneficia de “um prémio face à China”, o que se traduz numa oportunidade para as suas exportações.

Setores como os têxteis podem beneficiar, enquanto outros, como o automóvel, enfrentam mais desafios.

Para capitalizar estas oportunidades, as empresas europeias precisam de ser ágeis e bem capitalizadas. “Só as empresas capitalizadas terão hipóteses”, alerta Ferreira de Lemos, sublinhando a necessidade de “capacidade de investimento e de atrair talento”, bem como de “flexibilidade” para explorar setores de nicho. No entanto, há vozes que alertam para os perigos de a Europa seguir um caminho semelhante.

João Manso Neto, CEO da Greenvolt, defende que a Europa não deve ceder a tentações protecionistas, afirmando: “Nunca devemos entrar numa zona de protecionismo contra a China”.