A Comissão Europeia avançou com uma proposta drástica para proteger a indústria siderúrgica do bloco, que inclui a duplicação das taxas alfandegárias de 25% para 50% sobre as importações de aço e uma redução de 47% na quota de importação isenta de tarifas, fixando-a em 18,3 milhões de toneladas anuais. A medida, anunciada pelo vice-presidente executivo para a Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné, visa "salvar as nossas siderúrgicas e os nossos empregos europeus" face à crescente sobrecapacidade global, estimada em 620 milhões de toneladas e projetada para atingir 721 milhões até 2027, impulsionada principalmente pela produção subsidiada da China. Esta proposta pretende substituir a atual medida de salvaguarda, que expira em junho de 2026, e alinha a UE com as políticas protecionistas de outros parceiros, como os Estados Unidos.
A iniciativa inclui ainda o reforço da rastreabilidade para evitar a evasão das regras comerciais, exigindo a identificação da origem da fundição do aço.
A indústria siderúrgica europeia, que representa cerca de 300 mil empregos diretos e 2,3 milhões indiretos, enfrenta uma crise severa, operando com uma taxa de utilização de apenas 67%, bem abaixo dos 80% considerados ideais para a rentabilidade. A Comissão argumenta que a combinação de importações crescentes, encerramento de mercados de exportação e queda da procura interna agrava os desafios do setor. No entanto, a proposta gerou uma onda de contestação imediata por parte de vários setores industriais que dependem do aço importado, que alertam para as consequências negativas na sua competitividade e nos preços para o consumidor final.
Em resumoA proposta da Comissão Europeia de aumentar as tarifas sobre o aço para 50% e cortar as quotas isentas de taxas representa uma forte medida protecionista para defender a indústria siderúrgica europeia. Contudo, a iniciativa enfrenta uma oposição generalizada de setores a jusante, como o automóvel e a metalomecânica, que preveem um aumento dos custos de produção, perda de competitividade e um impacto inflacionário nos preços para os consumidores.