Uma análise do Banco de Portugal revela que a política aduaneira da administração Trump está a ter um impacto negativo nas exportações portuguesas para os Estados Unidos. As empresas nacionais estão a registar um crescimento menor do valor e do preço das suas exportações, sugerindo uma contração das margens de lucro para manter a competitividade. O Boletim Económico de outubro de 2025 do Banco de Portugal (BdP) apresenta uma “avaliação preliminar” dos efeitos da nova política aduaneira norte-americana, comparando o período pré e pós-eleição de Donald Trump. A análise conclui que houve uma “diminuição de sete pontos percentuais no crescimento do valor exportado e de dois pontos percentuais no crescimento do preço de exportação para os EUA em comparação com outros destinos”. Este impacto é ainda mais acentuado nas empresas de menor dimensão, que viram o crescimento do valor exportado cair nove pontos percentuais. Segundo o BdP, o facto de o valor exportado cair mais do que o preço sugere uma “contração relativa” dos volumes de vendas. A instituição explica que as empresas portuguesas parecem estar a absorver parte do custo das tarifas para não perderem quota de mercado, o que resulta em margens de lucro mais baixas. “O ajustamento das margens poderá refletir a avaliação das empresas sobre o seu posicionamento face a outros concorrentes em termos de competitividade-preço”, nota o relatório.
A depreciação do dólar, que caiu 8% entre novembro de 2024 e junho de 2025, agravou a situação, contribuindo para aumentar o preço final para os importadores americanos e, consequentemente, para a redução dos volumes exportados.
Setores como o têxtil e o farmacêutico são mencionados como estando particularmente expostos a esta nova realidade comercial.
Em resumoA política de tarifas dos EUA está a forçar as empresas exportadoras portuguesas a sacrificar as suas margens de lucro para se manterem competitivas. Uma análise do Banco de Portugal confirma que o crescimento das exportações para o mercado norte-americano abrandou significativamente, afetando sobretudo as empresas de menor dimensão.