A subida fulgurante do metal precioso reflete a sua crescente procura como ativo de refúgio por parte de investidores e bancos centrais. A valorização do ouro, que acumulou uma subida de 58% desde o início do ano, foi diretamente impulsionada pelas ameaças de novas tarifas por parte de Donald Trump e pela instabilidade política global. Analistas como Adrián Hostaled atribuem a subida aos "constantes fluxos de capital para os ETF de ouro" e às "crescentes expectativas de novos cortes das taxas de juro" pela Reserva Federal norte-americana.

A desvalorização do dólar, resultante da política monetária mais acomodatícia, torna o ouro, cotado na moeda americana, mais atrativo.

O analista da ActivTrades, Ricardo Evangelista, afirmou que "alcançar o nível de 5.000 dólares não parece impossível a médio e longo prazo".

A procura não vem apenas de investidores privados; os bancos centrais, especialmente de países em desenvolvimento, têm sido compradores recorde, procurando "diversificar as suas reservas e reduzir a dependência do dólar norte-americano". O Conselho Mundial do Ouro reportou que a proporção de ouro nas reservas dos bancos centrais aumentou de 10% para 24% na última década. O valor das reservas de ouro do Banco de Portugal, por exemplo, duplicou em dois anos e meio, atingindo 44,4 mil milhões de euros, apesar de a quantidade física se ter mantido inalterada. Este movimento global de acumulação de ouro sinaliza uma perda de confiança nos ativos tradicionais e uma aposta na segurança do metal precioso em tempos de turbulência.