Esta quebra abrupta ameaça setores estratégicos como o automóvel e o farmacêutico, e levou a uma compressão acentuada do excedente comercial europeu.

Os dados do Eurostat revelam um cenário preocupante para a economia europeia.

As exportações da UE para os EUA caíram 22,2% em agosto em termos homólogos, o valor mais baixo dos últimos quatro anos e a maior quebra anual desde o início da pandemia. O saldo da balança comercial da UE com os EUA sofreu uma correção de 57,7% em termos homólogos, fixando-se em menos de 6,5 mil milhões de euros, um valor historicamente baixo. Esta deterioração do comércio transatlântico é atribuída à taxa de 15% sobre bens europeus, que entrou em vigor a 1 de setembro de 2025, abrangendo setores como automóveis, componentes, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira.

Analistas do ING alertam que o impacto direto no PIB da UE poderá ser de -0,3% no curto prazo, com a tendência descendente das exportações a aprofundar-se no segundo semestre. A situação insere-se num contexto mais vasto de fragilização comercial da UE, que em agosto registou um défice global de 5,8 mil milhões de euros. O Banco Central Europeu também manifestou preocupação, com a presidente do Conselho de Supervisão, Claudia Buch, a alertar que os bancos europeus operam num “ambiente desafiante” devido a estas tensões.