Esta medida já provocou uma queda de 57,7% no excedente comercial da UE com os EUA, atingindo o nível mais baixo desde janeiro de 2023.

As novas taxas, que entraram em vigor a 1 de setembro de 2025 após um acordo entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente norte-americano, Donald Trump, estão a ter um impacto profundo nas relações transatlânticas. De acordo com dados do Eurostat, as trocas comerciais de bens entre os dois blocos sofreram em agosto a maior contração desde janeiro de 2021, com uma quebra homóloga de 14,3%. As exportações europeias para os EUA registaram uma queda ainda mais acentuada, de 22,2%, o valor mais baixo dos últimos quatro anos.

A medida abrange setores estratégicos como o automóvel, componentes automóveis, produtos farmacêuticos e semicondutores, embora existam isenções para produtos específicos, como a cortiça.

A deterioração do comércio com os EUA insere-se num contexto de fragilização das trocas comerciais da UE, que registou um défice de 5,8 mil milhões de euros em agosto. Analistas do ING alertam que as tarifas poderão ter um impacto direto de -0,3% no PIB da União Europeia a curto prazo.

Em resposta, muitas empresas globais estão a rever as suas previsões de lucros, como a Remy Cointreau e a Pernod Ricard, que ajustaram as suas estimativas após o acordo com a UE. O Banco Central Europeu também manifestou preocupação, com a presidente do Conselho de Supervisão, Claudia Buch, a alertar que as tarifas elevadas aumentam a incerteza e travam o crescimento económico.