A proposta de duplicar as taxas sobre o aço importado de países terceiros, de 25% para 50%, gera grande preocupação entre os empresários do setor, que é um dos principais motores das exportações nacionais. A medida, que visa proteger os produtores de aço europeus da concorrência asiática, nomeadamente da China e da Índia, é vista como um paradoxo com consequências graves. A atual medida de salvaguarda, que impõe uma taxa de 25% sobre as importações de aço que excedem as quotas definidas, deverá ser substituída por uma medida permanente que eleva essa taxa para 50%. A esta juntam-se processos de antidumping já em curso, que podem aplicar taxas adicionais de 14% a 60% sobre certos materiais, como a folha de flandres. Vítor Neves, presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), alerta que esta política terá um “impacto fortíssimo na indústria metalomecânica portuguesa”, resultando em “menor competitividade, mais dificuldade em exportar e concorrência desleal vinda de fora”. O problema reside no facto de as taxas se aplicarem apenas à matéria-prima, permitindo que produtos acabados ou semiacabados, como latas de concentrado de tomate importadas, entrem no mercado europeu sem as mesmas sobretaxas, criando uma concorrência desleal para os transformadores europeus. A indústria metalomecânica na Europa representa um volume de negócios 20 vezes superior ao da siderurgia, empregando 13 milhões de trabalhadores contra 300 mil na produção de aço, o que torna a medida ainda mais controversa.

O Governo português, através do secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, já se mostrou “bastante preocupado com a situação”, com a AIMMAP a apelar a uma defesa firme dos interesses do setor em Bruxelas.