A crise teve início após o governo dos Países Baixos, sob pressão dos EUA, ter assumido o controlo da Nexperia para limitar a influência da sua empresa-mãe chinesa, a Wingtech. Em retaliação, Pequim proibiu as exportações de componentes produzidos pela subsidiária chinesa da Nexperia, que fornece cerca de 60% da sua produção à indústria automóvel.

Estes semicondutores, embora não sejam os mais avançados, são indispensáveis para funções básicas como iluminação e controlo eletrónico.

A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) alertou que "os stocks atuais de chips da Nexperia devem durar apenas algumas semanas", o que ameaça "interromper a produção". A sua congénere de fornecedores, a CLEPA, reforçou o apelo, afirmando que "a interrupção atual representa uma séria ameaça à capacidade de produção, podendo afetar a produção em questão de dias". O impacto já se sente em toda a cadeia de abastecimento.

A Bosch, um dos principais fornecedores, enfrenta "desafios significativos", e construtores como a Volkswagen e a sua fábrica Autoeuropa em Palmela admitiram preocupação com possíveis paragens de produção. A crise alastrou-se a outros continentes, com a associação de fabricantes no Brasil a alertar para um risco de "paralisação" em poucas semanas. A situação expõe a vulnerabilidade da indústria europeia, que, apesar da crise de chips durante a pandemia, pouco fez para reforçar as suas cadeias de abastecimento, tornando-se um peão na guerra tecnológica entre os EUA e a China.