O aumento projetado de 10% nos custos de saúde para os empregadores em 2026 está a ser agravado, entre outros fatores, pela pressão de preços resultante das tarifas de importação sobre produtos médicos, segundo um relatório da Mercer Marsh Benefits. O relatório "Health Trends 2026", que inquiriu 268 seguradoras em 67 mercados, projeta que as taxas de tendência médica — que refletem o aumento anual do custo por pessoa nos benefícios de saúde — deverão exceder 10% na maioria das regiões pelo sexto ano consecutivo. Para Portugal, o estudo destaca que a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a impulsionar a procura por cuidados de saúde privados, maioritariamente através de seguros. Entre os fatores que justificam esta tendência, o relatório aponta a utilização elevada de serviços médicos pós-pandemia, o aumento de diagnósticos precoces de doenças graves e, de forma explícita, a "pressão de preços devido a tarifas de importação sobre produtos médicos, que agrava a situação".
Este fator, combinado com os investimentos das seguradoras em novas tecnologias e prevenção, exige ajustes nos prémios dos seguros.
Miguel Ros Galego, Líder da Mercer Marsh Benefits em Portugal, alerta que, com dois terços dos mercados a enfrentarem taxas de tendência médica de dois dígitos, "as organizações devem preparar-se para custos mais elevados". O relatório sugere que, pela primeira vez em quatro anos, as seguradoras antecipam que os empregadores possam reduzir a cobertura para gerir os custos, uma medida que, embora ofereça alívio orçamental a curto prazo, pode prejudicar a capacidade das empresas para atrair e reter talento.
Em resumoAs tarifas de importação no setor da saúde demonstram como as políticas comerciais podem ter um impacto direto e negativo nos custos de serviços essenciais, contribuindo para a inflação nos cuidados médicos em Portugal.