A União Europeia prepara-se para substituir as atuais medidas de salvaguarda sobre as importações de aço por uma política permanente que poderá duplicar as tarifas para 50%. A medida, destinada a proteger a siderurgia europeia, gera grande preocupação na indústria metalomecânica, que alerta para uma perda de competitividade e um "estrangulamento" do setor. A política protecionista de Bruxelas, que visa defender a produção de aço como matéria-prima crítica para a autonomia da UE, está a criar um paradoxo económico. A intenção é substituir a medida de salvaguarda atual, que impõe taxas de 25% sobre as importações que excedem as quotas, por uma medida permanente com “taxas aplicadas às quantidades de aço importadas de países terceiros que ultrapassem os limites definidos” a duplicar para 50%.
Vítor Neves, presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), adverte que esta política terá um “impacto fortíssimo na indústria metalomecânica portuguesa”.
O principal receio é que, ao encarecer a matéria-prima, a indústria transformadora europeia perca competitividade face a concorrentes de fora da UE, que podem importar produtos acabados ou semiacabados sem estarem sujeitos às mesmas taxas. “Menor competitividade, mais dificuldade em exportar e concorrência desleal vinda de fora”, resume Vítor Neves, que teme que a medida, a prazo, prejudique até a própria indústria do aço que se pretende proteger, ao reduzir a sua base de clientes. Este cenário coloca em confronto os interesses da siderurgia, que fatura 200 mil milhões de euros na Europa, com os da metalomecânica, um setor vinte vezes maior, que representa quatro biliões de euros.
Em resumoA proposta da UE de duplicar as tarifas sobre o aço para 50% visa proteger a sua siderurgia, mas ameaça a competitividade da indústria metalomecânica, um setor economicamente muito superior, gerando o risco de concorrência desleal e perda de mercado.