Esta situação reflete a crescente tensão comercial e a pressão sobre as cadeias de abastecimento globais.
A política tarifária da administração Trump gerou uma onda de choque no setor automóvel, com consequências particularmente visíveis nos resultados financeiros de várias marcas europeias. A Porsche registou uma queda de 99% no seu lucro operacional nos primeiros nove meses de 2025, uma descida que a empresa atribui, em parte, às tarifas de importação nos EUA. O Dr. Jochen Breckner, membro do Conselho Executivo de Finanças da Porsche, estimou que o impacto destas tarifas atingirá cerca de 700 milhões de euros este ano, afirmando que “esperamos que 2025 seja o ponto mais baixo antes de uma recuperação significativa em 2026”.
A Volvo Cars também reportou prejuízos, citando as tarifas norte-americanas como um dos fatores negativos.
A pressão estende-se à cadeia de fornecimento, com a Associação dos Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) a prever uma queda entre 11% e 15% nas exportações portuguesas do setor até ao final do ano. O seu presidente, José Couto, sublinha a necessidade de encontrar alternativas, olhando para a indústria de defesa como uma oportunidade.
Em contraste, o CEO da Ford, Jim Farley, agradeceu ao presidente Trump pelos “recentes desenvolvimentos da política tarifária, que são favoráveis à Ford como o construtor automóvel mais americano”, evidenciando o objetivo protecionista das medidas.
Um acordo posterior entre os EUA e a UE, que fixou as tarifas em 15%, parece ter trazido alguma “clareza”, mas os efeitos disruptivos continuam a ser um desafio para a resiliência e lucratividade do setor a longo prazo.














