Em vez de se focarem exclusivamente nos elétricos, marcas como a BYD e a Chery estão a ganhar quota de mercado com modelos híbridos plug-in, contornando as barreiras comerciais e intensificando a concorrência.
Esta mudança estratégica está a produzir resultados notáveis.
Em setembro, os automóveis chineses atingiram uma quota de mercado recorde de 7,4% na Europa, um valor que representa um crescimento exponencial face aos 3,3% do ano anterior. A análise das vendas revela uma alteração clara na tecnologia motriz: a quota dos híbridos plug-in no total de automóveis chineses vendidos na Europa subiu de 3% para 29% num ano, enquanto a dos elétricos recuou de 48% para 32%. Este sucesso é visível no facto de quatro dos dez híbridos plug-in mais vendidos na Europa em setembro serem de marcas chinesas.
Este cenário alimenta as previsões de Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, que antevê um futuro complexo para a indústria europeia.
Tavares alerta que os fabricantes chineses serão vistos como "salvadores" ao adquirirem fábricas europeias em dificuldades e manterem os empregos.
No entanto, o gestor português também adverte para a ambição competitiva destas empresas, afirmando diretamente: "Eles querem engolir-nos um dia".
Esta dualidade reflete a encruzilhada em que se encontra a indústria automóvel europeia: confrontada com uma concorrência feroz, mas também com potenciais parceiros ou compradores para ativos em reestruturação, num mercado cada vez mais dominado pela eficiência e competitividade de preços das marcas asiáticas.














