Esta visão é partilhada por figuras de topo do Banco Central Europeu, que consideram estas medidas um fator de incerteza e um entrave à atividade económica.

O governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, destacou que a zona euro registou "muitos choques [económicos] — a pandemia da covid-19, a crise energética a seguir à invasão da Ucrânia e as tarifas dos Estados Unidos da América".

Argumentou que, devido a estes choques, é "importante termos margem para se houver outro choque maior, possamos reagir", justificando assim a decisão do BCE de manter as taxas de juro estáveis.

Esta perspetiva é corroborada pela presidente do BCE, Christine Lagarde, que afirmou que "a indústria transformadora está a ser travada pelas tarifas" e que "o ambiente comercial global continua volátil".

A caracterização das tarifas não apenas como uma questão comercial, mas como um risco geopolítico de primeira ordem, evidencia o impacto sistémico que as políticas protecionistas têm na estabilidade e nas perspetivas da economia europeia, influenciando diretamente as decisões de política monetária.