Esta política comercial tem provocado uma redução acentuada nos lucros das empresas, criando um ambiente de incerteza e reajustamento estratégico no setor. A Toyota Motor tem sido uma das mais afetadas, com os seus lucros líquidos a registarem uma queda acentuada devido às taxas aduaneiras.

O impacto estimado das tarifas norte-americanas nos resultados da empresa japonesa ascendeu a 900 mil milhões de ienes (5,1 mil milhões de euros) apenas entre abril e setembro, com uma previsão de 1,45 biliões de ienes para o ano fiscal completo.

Esta pressão financeira surge apesar de um acordo comercial assinado em julho entre os EUA e o Japão, que fixou as tarifas sobre automóveis em 15%, um valor inferior aos 25% inicialmente ameaçados pela administração Trump. Em contrapartida, o Japão comprometeu-se com um pacote de investimentos de 550 mil milhões de dólares nos EUA.

Da mesma forma, o grupo BMW também sentiu os efeitos, prevendo um impacto de 1,5 pontos percentuais na sua margem anual devido às tarifas aplicadas por Washington.

A política comercial da administração Trump revela-se complexa, pois, ao mesmo tempo que impõe novas taxas, oferece mecanismos de alívio. Foi anunciado o prolongamento até 2030 de um reembolso especial sobre as tarifas de peças de automóveis para fabricantes nacionais, mas, simultaneamente, foram introduzidas novas taxas de 25% sobre camiões e 10% sobre autocarros importados.

A legalidade destas medidas está, contudo, a ser questionada, com o Supremo Tribunal dos EUA a analisar o poder do Presidente para impor tarifas, o que acrescenta uma camada de incerteza jurídica ao já volátil cenário comercial.