Esta instabilidade é cada vez mais percecionada como um risco significativo para a competitividade, a rentabilidade e o comportamento de pagamentos das empresas no mercado global.

Um exemplo concreto do impacto direto destas medidas é o setor da pedra em Portugal.

A aplicação de uma tarifa transversal de 15% pelos EUA a todos os setores de atividade europeus, combinada com a desvalorização do dólar, resultou num encarecimento de aproximadamente 40% para os produtos de pedra portugueses no mercado americano. A Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) já manifestou a sua preocupação, temendo uma perda de competitividade a partir de 2026, e está a trabalhar junto do Governo e de instituições europeias para mitigar este impacto. Esta perceção de risco não é isolada.

Um estudo sobre a gestão do risco de crédito em Portugal, promovido pela Crédito y Caución e pela Iberinform, revela que a "incerteza tarifária" é um fator disruptivo nos pagamentos para 12% das empresas inquiridas, contribuindo para a deterioração da solvência dos seus clientes. A nível macroeconómico, economistas da AllianzGI observam que, embora as economias tenham conseguido absorver o impacto inicial das tarifas, a "imprevisibilidade da política comercial norte-americana" continua a ser um risco para o crescimento.

Esta visão é partilhada por grandes operadores como os CTT, que, no seu planeamento estratégico, identificam a "imposição de tarifas que afetam o comércio global" como um dos riscos macroeconómicos "relevantes e persistentes".