Esta instabilidade gera um clima de incerteza que afeta as empresas e o risco de crédito. A presidente do CFP, Nazaré da Costa Cabral, salientou que a economia portuguesa, apesar de um desempenho favorável nos últimos anos, enfrenta riscos crescentes relacionados com a reconfiguração da política comercial global.

Segundo a responsável, o setor produtivo já sente os efeitos destas mudanças, bem como das dificuldades no reabastecimento das cadeias de fornecimento, que se tornaram mais complexas e incertas. Esta conjuntura adversa, marcada por dificuldades no fornecimento de componentes essenciais como "chips, matérias-primas e outras componentes, que vêm em grande medida da China", pode impactar a curto prazo a capacidade de laboração das empresas europeias, aumentando o risco de consequências sociais graves, como regimes de 'lay-off' ou mesmo despedimentos coletivos. A instabilidade tarifária foi também identificada como um fator relevante em estudos sobre a gestão do risco de crédito em Portugal, com 12% das empresas a apontarem-na como uma fonte de perturbação nos pagamentos dos clientes. A análise do CFP reforça a ideia de que a incerteza no comércio internacional não é apenas uma questão macroeconómica, mas uma ameaça tangível à estabilidade operacional e financeira das empresas, com potencial para se repercutir negativamente no emprego e na coesão social.

A necessidade de monitorizar atentamente estas dinâmicas é, por isso, uma prioridade para garantir a resiliência da economia nacional.