A medida, que visa incentivar a produção local nos EUA, põe fim a uma isenção tarifária de mais de três décadas e arrisca aumentar custos e provocar ruturas no fornecimento. Um estudo da LLYC Europa detalha que o fim da isenção tarifária entre Bruxelas e Washington, que vigorava há mais de trinta anos, representa um ponto de viragem. Um novo acordo, celebrado em julho de 2025, já tinha introduzido tarifas de até 15%, mas a recente ameaça de um agravamento drástico para 100% gera uma incerteza acrescida sobre a competitividade do setor.

As consequências mais imediatas, segundo o relatório, incluem o encarecimento das matérias-primas, uma forte pressão sobre os preços dos medicamentos e a fragilização das cadeias de abastecimento internacionais.

Em Portugal, onde o setor farmacêutico tem uma forte orientação exportadora, com 1.390 milhões de dólares em exportações para os EUA em 2023, o impacto poderá ser particularmente sentido. No entanto, apesar dos riscos, o estudo identifica também oportunidades estratégicas para a Europa, como a possibilidade de acelerar a reindustrialização do setor, reforçando a autonomia na produção de medicamentos, e a atração de mais investimento em Investigação & Desenvolvimento (I&D) e ensaios clínicos.

Carlos Parry, líder de Healthcare da LLYC Europa, sublinha que são necessários "quadros legislativos que ofereçam incentivos reais" para que a indústria continue a inovar e a gerar crescimento económico.