O fim de uma isenção tarifária de 30 anos entre a União Europeia e os Estados Unidos para medicamentos, e a ameaça de novas sobretaxas, está a catalisar um debate estratégico em Bruxelas. O novo contexto é visto como uma oportunidade para a reindustrialização europeia e para o avanço de uma política comum de preços e acesso a medicamentos. A nova política tarifária norte-americana, que pode elevar as taxas sobre medicamentos de marca até 100%, força a indústria europeia a um momento de viragem. Um estudo da LLYC Europa aponta que, para além dos riscos de aumento de custos e ruturas de stock, este desafio pode funcionar como um catalisador para a Europa reforçar a sua autonomia estratégica. Entre as oportunidades identificadas está a reindustrialização do setor no continente, diminuindo a dependência de cadeias de fornecimento externas, especialmente em matérias-primas e medicamentos essenciais. Outra janela de oportunidade reside na atração de mais investimento em Investigação & Desenvolvimento (I&D) e ensaios clínicos, potenciando o papel de países como Portugal como plataformas científicas e tecnológicas.
Além disso, a pressão externa poderá acelerar o avanço para uma política comum europeia de preços e acesso a medicamentos, algo que há muito é debatido em Bruxelas.
Carlos Parry, da LLYC Europa, defende que, para que a indústria continue a inovar, são necessários "quadros legislativos que ofereçam incentivos reais".
A resposta europeia a esta pressão comercial poderá, assim, não ser apenas defensiva, mas uma oportunidade para fortalecer a competitividade, a inovação e a cooperação estratégica dentro do mercado único.
Em resumoPerante as novas tarifas dos EUA, a UE está a considerar uma viragem estratégica no setor farmacêutico, podendo utilizar o desafio comercial como um impulso para reforçar a sua autonomia industrial, atrair I&D de alto valor e criar um mercado de saúde europeu mais unificado.