A pressão tarifária pode funcionar como um catalisador para a “reindustrialização europeia e reforço da autonomia estratégica na produção de medicamentos”. Carlos Parry, líder de Healthcare da LLYC Europa, sublinha a necessidade de “quadros legislativos que ofereçam incentivos reais” para que a inovação continue a chegar aos doentes e o setor continue a gerar investimento e crescimento na Europa. A crise pode, assim, impulsionar a atração de mais investigação, desenvolvimento e ensaios clínicos para Portugal e acelerar a criação de uma política comum europeia de preços e acesso a medicamentos.
Ameaça Tarifária dos EUA ao Setor Farmacêutico Europeu
A indústria farmacêutica europeia, incluindo a portuguesa, enfrenta um período de elevada incerteza devido à nova política tarifária dos Estados Unidos, que ameaça impor sobretaxas de até 100% sobre medicamentos de marca. Esta medida protecionista visa incentivar a instalação de produção local em território norte-americano e pode reconfigurar drasticamente as cadeias de abastecimento globais do setor. Segundo um estudo da LLYC Europa, a ameaça da Administração Trump surge após um acordo celebrado em julho de 2025 entre Bruxelas e Washington, que já tinha posto fim a mais de três décadas de isenção tarifária ao introduzir taxas até 15%. O potencial agravamento para 100% gera um risco significativo de aumento de custos com matérias-primas, pressão sobre os preços dos medicamentos e ruturas de stock. Para Portugal, cuja indústria farmacêutica tem uma forte orientação exportadora e vendeu 1.390 milhões de dólares para os EUA em 2023, o impacto poderá ser particularmente severo, afetando unidades de biotecnologia e de produção de fármacos de elevado valor acrescentado. No entanto, o estudo também aponta para “janelas de oportunidade”.


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