A previsão é de um abrandamento das exportações, com o setor produtivo a sentir já os efeitos da instabilidade e das alterações nas barreiras comerciais. O executivo antecipa que o impacto das tarifas se faça sentir “sobretudo em 2026”, projetando um abrandamento da procura externa dirigida a Portugal para 1,9%.

Embora a exposição direta ao comércio com os EUA seja “relativamente limitada”, os efeitos indiretos, através da penalização de parceiros europeus como a Alemanha, “amplificarão o impacto global”. A presidente do CFP, Nazaré da Costa Cabral, corroborou esta visão, afirmando que “o setor produtivo está já a sofrer os efeitos de alterações de tarifas”. A instabilidade geopolítica e as “profundas alterações da política comercial global, resultantes do aumento do protecionismo norte-americano”, são identificadas como os principais riscos.

Um exemplo concreto é o setor têxtil, que enfrenta uma concorrência acrescida de produtos chineses desviados para a Europa devido às tarifas dos EUA.

Perante este cenário, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) considera “urgente reforçar políticas” de apoio à internacionalização para que as empresas possam “mitigar os impactos negativos do enquadramento internacional”. A meta de as exportações atingirem 60% do PIB até 2030 parece, assim, cada vez mais distante, com o peso das vendas ao exterior a registar uma tendência de queda.